Tamarindos é uma obra que floresce com a força das árvores ancestrais — densa, sensível e carregada de simbolismos. Assinada pelo biólogo e escritor goiano Pablo Mathias, a publicação é resultado da Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos, conquistada em 2021, e foi lançada com o selo da Secretaria de Estado da Cultura de Goiás, com publicação pela Editora NegaLilu, revelando ao público uma voz literária de rara delicadeza e profundidade.

São seis contos interligados que se desdobram como galhos de uma mesma árvore ficcional, compondo uma narrativa expandida que ultrapassa os limites tradicionais do gênero. As histórias dialogam entre si, tocando temas como a morte, o patriarcado, as relações familiares e o impacto silencioso das estruturas sociais no cotidiano. Mas o que realmente marca a leitura é o modo como o autor nos convida a atravessar os vazios, silêncios e sutilezas que moldam o humano — e o não humano.
Literatura que escuta o invisível
Inspirado no reino vegetal, o livro propõe uma escuta atenta da vida em suas formas mais delicadas. As conexões entre os contos ressignificam o cotidiano e nos lançam em uma experiência estética que exige pausa, contemplação e entrega. Como sementes literárias, os textos germinam no leitor uma nova maneira de enxergar o mundo.

A obra se destaca também por seu conteúdo simbólico, capaz de tocar dimensões íntimas e coletivas com igual intensidade. Com lirismo e precisão, Pablo constrói uma ponte entre a natureza e a sociedade, revelando com sensibilidade as marcas do tempo e das tradições sobre o corpo, a memória e o afeto.
Um escritor de escuta rara
Formado em Biologia e mestre em Ecologia e Evolução pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Pablo Mathias une ciência e arte em sua escrita. Sua narrativa carrega a observação meticulosa do pesquisador e a intuição poética de quem vê beleza no que está à margem.
Mais do que narrar, Pablo cultiva histórias. Como quem planta com cuidado, espera o tempo certo e confia no mistério do crescimento. A cada página de Tamarindos, é como se o leitor pisasse em solo fértil, capaz de sustentar tanto a razão quanto o encantamento.
Tamarindos permanece como uma obra viva, que cresce em silêncio e deixa frutos no coração de quem lê.
por RG Repórter Goiás – A Identidade dos Municípios