O deputado Antônio Gomide (PT) promove, nesta terça-feira, 4, às 19 horas, sessão solene para entrega da Comenda Washington Novaes. O evento ocorrerá no Plenário Iris Rezende Machado na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego).
A homenagem é fruto de um projeto de resolução do deputado estadual Antônio Gomide (PT) e será entregue todo mês de junho, na Assembleia Legislativa. O parlamentar avalia que o jornalista e ambientalista Washington Novaes, que escolheu viver em Goiás, realizou importantes contribuições para o meio ambiente do estado e do País.
O parlamentar considera que o nome do ambientalista consegue congregar a dedicação à causa do meio ambiente, como parte de sua vida diária, com a atuação na profissão de jornalista. ”Neste sentido, serão homenageadas pessoas que têm atuação reconhecida para a melhoria da vida da população goiana”, diz o deputado.
Luta pela causa ambiental
Washington Novaes foi um dos pioneiros do jornalismo ambiental, com destaque internacional para a defesa do Cerrado, Amazônia e povos indígenas. Nascido em 3 de junho de 1934, em Vargem Grande do Sul (SP), estabeleceu-se em Goiânia no início dos anos 1980, escrevendo primeiramente no jornal Diário da Manhã e depois no O Popular, onde manteve uma coluna sobre as questões e problemáticas ambientais até o final de sua vida. Washington era consultor de jornalismo da TV Cultura e era comentarista do programa ambiental, Repórter Eco. O jornalista desenvolveu uma série de trabalhos em favor dos povos indígenas e da proteção e defesa da floresta, atuando também, como secretário de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia do Governo do Distrito Federal nos anos 90.
No jornalismo foi repórter, editor, diretor e colunista em diversos veículos de comunicação do país, como Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, Jornal do Brasil, Gazeta Mercantil, Última Hora, Correio da Manhã, Veja e Visão. Na televisão foi durante sete anos editor-chefe do Globo Repórter e editor do Jornal Nacional, da Rede Globo. E ainda: comentarista de telejornais das Redes Bandeirantes e Manchete, além do programa Globo Ecologia.
Washington Novaes morreu em agosto de 2020, após passar por uma cirurgia para retirada de um tumor no intestino, em um hospital em Aparecida de Goiânia. Mas deixou um legado imenso, não só para Goiás, mas também para o país.
Foi pioneiro entre jornalistas do país a se dedicar a questões ambientais e indígenas. Produziu documentários, livros e reportagens sobre a causa ambiental.Na década de 1980 passou a conviver com povos indígenas do alto Xingu, o que gerou a série documental “Xingu, a Terra Mágica”, o diário “Xingu, uma Flecha no Coração”, e, 20 anos depois “Xingu, a Terra Ameaçada”. Além de inúmeras reportagens sobre o meio ambiente, que lhe rendeu diversos prêmios, como o Esso especial de Ecologia e Meio Ambiente (1992) e o Professor Azevedo Netto (2004).
Com carreira consolidada e reconhecida internacionalmente — tendo ganhado inclusive medalha de prata no Festival de Cinema e Televisão de Nova York, nos Estados Unidos, em 1982, pelo documentário “Amazonas, a pátria da água”, exibido pelo “Globo Repórter”, e vencedor da categoria Meio Ambiente do Prêmio Unesco, em 2004 — escolheu Goiânia para viver e o Cerrado para lutar.
Em Goiás denunciou a degradação do Cerrado e atuou para implementação de políticas para melhoria da produção de grãos e gado sem novos desmatamentos.
“Não é preciso desmatar nenhum hectare mais no Cerrado(…) Mas o desmatamento do Cerrado prossegue em todo o Centro-Oeste, no Tocantins, no Maranhão, no Piauí e, em nível alarmante, no oeste da Bahia. Para plantar cana e soja. E fornecer lenha a siderúrgicas – como em Minas Gerais.”, escreveu ainda em 2013 à Folha de São Paulo, quando havia 50% do Cerrado de pé.
Segundo dados da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, hoje 35% do Cerrado está de pé. Além disso, uma lei foi aprovada em Goiás, que facilita a concessão de licenças para desmatamento. A lembrança do nome e da vida de Washington Novaes se faz cada vez mais necessário.
Antônio Gomide criou a comenda com o seu nome para homenagear aqueles que, como Novaes, dedicaram sua vida à causa da sustentabilidade ambiental. Uma das homenageadas será a ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva, reconhecida mundialmente pelo seu trabalho incansável na defesa da biodiversidade brasileira e do meio ambiente. Além da ministra Marina Silva, outras 29 personalidades de Goiás e do Brasil serão homenageadas durante a sessão solene, entre elas, Jaime Câmara Júnior, CEO do Grupo Jaime Câmara, que edita o jornal O Popular, o portal G1 e comanda as rádios Executiva, CBN e a TV Anhanguera. Câmara Júnior é reconhecido pelas campanhas em favor da preservação do Cerrado e do Rio Araguaia.
O também jornalista Batista Custódio, fundador do Diário da Manhã, também será homenageado pelo trabalho educativo do DM e pela militância preservacionista, como criador da APA do Encantado, que preserva 10.500 hectares de mata e Cerrado na nascente do Araguaia e Baliza.
Outros homenageados são os professores Altair Sales Barbosa, Laerte Guimarães Ferreira Júnior e Rodrigo Borges Santana. O delegado Luziano Severino, da Dema, o ex-secretário do Meio Ambiente, Osmar Pires, criador dos parques Vaca Brava, Areião e Jardim Botânico, o ex-prefeito Pedro Wilson, idealizador do Parque Macambira Anicuns ( PUAMA), e Urissapá Tabata Kuikuro (in memoriam), líder histórico do povo Kuikuro, registrado no documentário Kuarup, de Washington Noves no documentário Xingu.
A transmissão será realizada pela TV Assembleia (canais 3.2 da TV aberta, 8 da NET Claro e 7 da Gigabyte Telecom) e, ainda, pelo canal do Youtube.Agência Assembleia de Notícias